quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Bem... Benvindos!

Finalmente "Os Cães do Inferno" agora tem endereço fixo.

Espero que vocês gostem da casa nova, embora a casca não seja assim tão importante...
Importante é estarmos aqui. De novo.E para ficar.


Prólogo

Alguém soprou em minhas narinas, escreveu meu nome em um papel e eu existi.

Primeiro tão somente uma forma sem conteúdo; um vaso de carne e sangue sem propósito algum que não entreter aqueles a quem, dizem, devo minha origem. Depois, sonhei-me Filho do Homem, Cristiane. Nele, busquei sentido, qualquer razão não para ser, mas para estar. Estar aqui.

Compreendi, contudo, minha imagem, e nela reconheci a forma sem conteúdo, hoje, mero conteúdo cuja forma me desagrada.

Tornei-me martelo, Marcela, talvez aquele empunhado pelo romano. Malleus, quiçá Malleficarum. Crucifiquei a forma e tornei-me Marcus e Marte. Tornei-me guerra. Um nada que deseja ser lembrado por aqueles que o maldizem, porquanto aqueles que o amam, por vezes, dele, se esquecem.

Frente ao teu pedido que, cruel, postou-me diante de um espelho quebrado, sopro de volta o ar que me trouxa a vida ao cuspir a fumaça de um cigarro. Rasgo o papel onde o nome da forma fora um dia escrito e, num outro, nada escrevo.

Ao perguntar meu nome, perguntas, em verdade quem sou. Mas ninguém é, apenas está.

No fim, o nome, a forma e o conteúdo não passam de mera poeira.

Marcela Godoy
São Paulo, 23 de janeiro de 2004.

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